sábado, 18 de outubro de 2014

Goiânia: Polícia pode ter prendido o maior serial killer da história do Brasil





O pânico finalmente terminou. Após 10 meses de matança a polícia tirou das ruas de Goiânia o serial killer de mulheres que assustou a população e foi notícia internacional. Para a surpresa de todos, Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, confessou o assassinato de 39 pessoas, sendo 16 de mulheres mortas esse ano.  A polícia acredita que esse número possa ser maior e, se confirmado, podemos estar diante do maior serial killer da história do Brasil.

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Goiás parece ter um chamariz mórbido para produzir serial killers notórios. No começo dos anos 2000, José Vicente Matias, o “Corumbá”, estampou capas de jornais mundo afora ao assassinar e comer partes dos corpos de seis mulheres. De uma, deixou a cabeça cair e rolar por uma rua enquanto descartava o corpo. Em 2010, foi a vez do psicopata sexual Adimar de Jesus Silva assustar o país ao matar seis adolescentes em Luziânia. “Um delinquente sexual”, disse um psicólogo. Agora, Tiago Henrique é a bola da vez.
O terror na cidade de Goiânia veio pelo whatsapp. Um áudio compartilhado pelo aplicativo em Abril tornou-se viral entre os moradores da cidade. Nele, um homem dizia que havia um serial killer na cidade matando mulheres a esmo. De fato, desde Janeiro de 2014, mulheres vinham sendo mortas em Goiânia. Todas da mesma maneira: um motoqueiro com um capacete preto se aproximava e disparava. Elas eram jovens e bonitas. O boato e o medo criado a partir deste áudio foi tamanho que autoridades tiveram que vir a público desmentir a possível ação de um serial killer. De fato, e mesmo com mortes semelhantes, é difícil e até imprudente uma fonte oficial vir a público e confirmar tal ocorrência. A polícia trabalha com certezas e não achismos. Mas nesse caso, quem compartilhou este áudio estava certo.
O áudio começou a circular pelos celulares após o assassinato de Ana Maria Victor Duarte. O assassinato da jovem, que estava prestes a se casar, teve grande repercussão na mídia goiana. Ana Maria era assessora parlamentar, filha de promotor de justiça e foi morta num bairro nobre da capital. Sua morte foi o estopim para que outros assassinatos de jovens mulheres ocorridos em bairros afastados fossem notados.
Bárbara, Wanessa, Juliana, Janaina, Taynara, Isadora… uma assombrosa lista da morte começou a se formar. Mulheres estavam sendo mortas por um motoqueiro misterioso, um fantasma da morte que chegava e atirava, da mesma forma que David Berkowitz fez a 37 anos atrás em Nova Iorque. Quando Ana Lídia Gomes, 14, foi morta num ponto de ônibus no dia 2 de Agosto, o tempo fechou.
O caso explodiu na mídia nacional e internacional e o governador do estado de Goiás pediu a cabeça do suposto serial killer ao Secretário de Segurança Pública. 
Psicopata
A maioria dos serial killers se encaixam na descrição de um psicopata; eles tem uma consciência distorcida, possuem uma capacidade muito limitada para emoção e empatia, e são – muitas vezes – extremamente narcisistas. Sem sentimentos para com o próximo, eles não serão assombrados por aquilo que fizeram, o que significa que eles não sentem a enorme quantidade de angústia ou dor que outros assassinos comuns – como os envolvidos em crimes passionais – sentem. Eles estão numa posição de não sentir ou perceber a dor e o sofrimento que causam. Tudo gira em torno de satisfazer a si mesmo, não importando as consequências.
Psicopatas podem ser alheios a uma gama de emoções, mas se uma coisa parece certa é que eles sentem prazer e frustração. Muitos psicopatas são propensos a fazer escolhas que buscam maximizar o prazer e minimizar a frustração, e ao contrário da maioria das pessoas, eles costumam ter um pobre controle do impulso, recorrendo muitas vezes ao álcool e drogas. Em outras palavras, psicopatas anseiam por estímulos.
Ao ser preso, Tiago teria dito que se sentia angustiado e cometia os crimes para aliviar o sofrimento. Parece claro que estamos diante de um psicopata frustrado que buscava no assassinato a adrenalina necessária para o alívio e vingança. Nesse sentido, podemos compará-lo a Pedrinho Matador. Quem não se lembra da entrevista de Pedrinho a Marcelo Rezende dizendo que enquanto não matasse alguém ele não conseguia tirar “o peso das costas”? O assassinato dava alívio a Pedrinho e Tiago. Ambos, em seus mundos particulares, sentiam um tipo de angústia que era momentaneamente ceifada quando matavam alguém. Os dois também buscavam vingança. Pedrinho queria vingar as mulheres e crianças vítimas de estupradores e assassinos, já Tiago não está claro que tipo de frustração o levou a querer descontar toda sua raiva. Isso agora é um trabalho para os psiquiatras que irão traçar o seu perfil psicológico. Mentes doentias podem se sentir isoladas e diferentes do resto do mundo. “Matava por raiva, raiva de tudo e de todos“, disse um dos delegados da força-tarefa, Deusny Aparecido. Elliot Rodger também tinha raiva de tudo e de todos, principalmente de mulheres loiras e homens supostamente inferiores a ele. Como Tiago, o americano canalizou suas frustrações no assassinato. Matar pessoas foi uma forma de puni-las por suas próprias desilusões.
Numa reportagem da TV Anhanguera de Goiás, uma vizinha de Tiago disse que nos últimos meses ele começou a beber bastante. Como dito acima, psicopatas comumente se voltam para as drogas e álcool. Psicopatas serial killers beberrões são comuns. Normalmente eles enchem a cara para lidar com suas fantasias homicidas, e isso acaba sendo uma mistura que só faz piorar as coisas. Jeffrey Dahmer começou a beber aos 14 anos para espantar os pensamentos de tortura e morte que simplesmente explodiam em sua mente. Após seus primeiros assassinatos, ele confessou que enchia a cara porque achava que o álcool o ajudaria a lidar com o que havia feito. Ele estava tão bêbado quando foi preso que não se lembrava como chegou na delegacia. Carroll Cole foi outro serial killer beberrão que enchia a cara numa tentativa de lidar com suas fantasias macabras. Ted Bundy e John Wayne Gacy são dois outros notórios serial killers conhecidos pelo vício em álcool.
“Começou matando homens, depois, mendigos e, agora, mulheres… Acredito que ele seja um serial killer. No começo, ele matava aleatoriamente, mas depois ele passou a adotar um padrão”. [João Carlos Gorski, Delegado-geral da Polícia Civil de Goiás].
Concordo com o delegado da polícia civil de Goiás. Tiago é sim um serial killer. Não necessariamente estes assassinos matam sempre o mesmo perfil de vítimas. Uma porcentagem considerável de serial killers costumam assassinar grupos diferentes. Um caso famoso é o do norte-americano Henry Lee Lucas. No caso de Tiago, no final ele realmente estabeleceu um padrão: assassinar mulheres jovens. Por que ele tinha problemas com mulheres é uma questão em aberto.
De início, pensei que Tiago poderia ser um serial killer missionário. É um pensamento meio que automático quando sabemos que mendigos, prostitutas ou travestis foram as vítimas de algum serial killer. Isso porque a maioria desses psicopatas acreditam que matar tais pessoas é prestar um serviço a sociedade removendo o lixo das ruas, tirando de circulação pessoas supostamente indesejadas e indignas de viver. Mas pelas notícias veiculadas, parece que não. Tiago começou a matar travestis e moradores de ruas porque eles seriam alvos fáceis. O professor de criminologia Harold Schechter diz em seu livro Serial Killers – Anatomia do Mal, que “prostitutas, garotos de programa, adolescentes fugidos de casa, mendigos, drogados e outros párias sociais – o que os criminologistas chamam de alvos de ocasião: pessoas que são especialmente vulneráveis a assassinatos em série porque podem ser facilmente emboscadas e subjugadas; e, além disso, são tão marginalizadas que ninguém, incluindo membros da polícia e da imprensa, presta muita atenção quando desaparecem.”
Seria muita pretensão tentar explicar porque Tiago parou de matar homossexuais e mendigos e passou a matar jovens mulheres. De fato parece que ele possui algum problema com o sexo oposto, e a adrenalina recebida ao caçar uma presa “da sociedade” pode propiciar a satisfação que psicopatas assassinos como ele precisam. Apesar de todas suas vítimas serem jovens bonitas, ele as caçava de forma aleatória, percorrendo as ruas de Goiânia até topar com alguma que preenchesse seus requisitos. Como todo e qualquer serial killer, Tiago era um assassino oportunista.



O pânico finalmente terminou. Após 10 meses de matança a polícia tirou das ruas de Goiânia o serial killer de mulheres que assustou a população e foi notícia internacional. Para a surpresa de todos, Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, confessou o assassinato de 39 pessoas, sendo 16 de mulheres mortas esse ano.  A polícia acredita que esse número possa ser maior e, se confirmado, podemos estar diante do maior serial killer da história do Brasil.

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Goiás parece ter um chamariz mórbido para produzir serial killers notórios. No começo dos anos 2000, José Vicente Matias, o “Corumbá”, estampou capas de jornais mundo afora ao assassinar e comer partes dos corpos de seis mulheres. De uma, deixou a cabeça cair e rolar por uma rua enquanto descartava o corpo. Em 2010, foi a vez do psicopata sexual Adimar de Jesus Silva assustar o país ao matar seis adolescentes em Luziânia. “Um delinquente sexual”, disse um psicólogo. Agora, Tiago Henrique é a bola da vez.
O terror na cidade de Goiânia veio pelo whatsapp. Um áudio compartilhado pelo aplicativo em Abril tornou-se viral entre os moradores da cidade. Nele, um homem dizia que havia um serial killer na cidade matando mulheres a esmo. De fato, desde Janeiro de 2014, mulheres vinham sendo mortas em Goiânia. Todas da mesma maneira: um motoqueiro com um capacete preto se aproximava e disparava. Elas eram jovens e bonitas. O boato e o medo criado a partir deste áudio foi tamanho que autoridades tiveram que vir a público desmentir a possível ação de um serial killer. De fato, e mesmo com mortes semelhantes, é difícil e até imprudente uma fonte oficial vir a público e confirmar tal ocorrência. A polícia trabalha com certezas e não achismos. Mas nesse caso, quem compartilhou este áudio estava certo.
O áudio começou a circular pelos celulares após o assassinato de Ana Maria Victor Duarte. O assassinato da jovem, que estava prestes a se casar, teve grande repercussão na mídia goiana. Ana Maria era assessora parlamentar, filha de promotor de justiça e foi morta num bairro nobre da capital. Sua morte foi o estopim para que outros assassinatos de jovens mulheres ocorridos em bairros afastados fossem notados.
Bárbara, Wanessa, Juliana, Janaina, Taynara, Isadora… uma assombrosa lista da morte começou a se formar. Mulheres estavam sendo mortas por um motoqueiro misterioso, um fantasma da morte que chegava e atirava, da mesma forma que David Berkowitz fez a 37 anos atrás em Nova Iorque. Quando Ana Lídia Gomes, 14, foi morta num ponto de ônibus no dia 2 de Agosto, o tempo fechou.
O caso explodiu na mídia nacional e internacional e o governador do estado de Goiás pediu a cabeça do suposto serial killer ao Secretário de Segurança Pública. 
Psicopata
A maioria dos serial killers se encaixam na descrição de um psicopata; eles tem uma consciência distorcida, possuem uma capacidade muito limitada para emoção e empatia, e são – muitas vezes – extremamente narcisistas. Sem sentimentos para com o próximo, eles não serão assombrados por aquilo que fizeram, o que significa que eles não sentem a enorme quantidade de angústia ou dor que outros assassinos comuns – como os envolvidos em crimes passionais – sentem. Eles estão numa posição de não sentir ou perceber a dor e o sofrimento que causam. Tudo gira em torno de satisfazer a si mesmo, não importando as consequências.
Psicopatas podem ser alheios a uma gama de emoções, mas se uma coisa parece certa é que eles sentem prazer e frustração. Muitos psicopatas são propensos a fazer escolhas que buscam maximizar o prazer e minimizar a frustração, e ao contrário da maioria das pessoas, eles costumam ter um pobre controle do impulso, recorrendo muitas vezes ao álcool e drogas. Em outras palavras, psicopatas anseiam por estímulos.
Ao ser preso, Tiago teria dito que se sentia angustiado e cometia os crimes para aliviar o sofrimento. Parece claro que estamos diante de um psicopata frustrado que buscava no assassinato a adrenalina necessária para o alívio e vingança. Nesse sentido, podemos compará-lo a Pedrinho Matador. Quem não se lembra da entrevista de Pedrinho a Marcelo Rezende dizendo que enquanto não matasse alguém ele não conseguia tirar “o peso das costas”? O assassinato dava alívio a Pedrinho e Tiago. Ambos, em seus mundos particulares, sentiam um tipo de angústia que era momentaneamente ceifada quando matavam alguém. Os dois também buscavam vingança. Pedrinho queria vingar as mulheres e crianças vítimas de estupradores e assassinos, já Tiago não está claro que tipo de frustração o levou a querer descontar toda sua raiva. Isso agora é um trabalho para os psiquiatras que irão traçar o seu perfil psicológico. Mentes doentias podem se sentir isoladas e diferentes do resto do mundo. “Matava por raiva, raiva de tudo e de todos“, disse um dos delegados da força-tarefa, Deusny Aparecido. Elliot Rodger também tinha raiva de tudo e de todos, principalmente de mulheres loiras e homens supostamente inferiores a ele. Como Tiago, o americano canalizou suas frustrações no assassinato. Matar pessoas foi uma forma de puni-las por suas próprias desilusões.
Numa reportagem da TV Anhanguera de Goiás, uma vizinha de Tiago disse que nos últimos meses ele começou a beber bastante. Como dito acima, psicopatas comumente se voltam para as drogas e álcool. Psicopatas serial killers beberrões são comuns. Normalmente eles enchem a cara para lidar com suas fantasias homicidas, e isso acaba sendo uma mistura que só faz piorar as coisas. Jeffrey Dahmer começou a beber aos 14 anos para espantar os pensamentos de tortura e morte que simplesmente explodiam em sua mente. Após seus primeiros assassinatos, ele confessou que enchia a cara porque achava que o álcool o ajudaria a lidar com o que havia feito. Ele estava tão bêbado quando foi preso que não se lembrava como chegou na delegacia. Carroll Cole foi outro serial killer beberrão que enchia a cara numa tentativa de lidar com suas fantasias macabras. Ted Bundy e John Wayne Gacy são dois outros notórios serial killers conhecidos pelo vício em álcool.
“Começou matando homens, depois, mendigos e, agora, mulheres… Acredito que ele seja um serial killer. No começo, ele matava aleatoriamente, mas depois ele passou a adotar um padrão”. [João Carlos Gorski, Delegado-geral da Polícia Civil de Goiás].
Concordo com o delegado da polícia civil de Goiás. Tiago é sim um serial killer. Não necessariamente estes assassinos matam sempre o mesmo perfil de vítimas. Uma porcentagem considerável de serial killers costumam assassinar grupos diferentes. Um caso famoso é o do norte-americano Henry Lee Lucas. No caso de Tiago, no final ele realmente estabeleceu um padrão: assassinar mulheres jovens. Por que ele tinha problemas com mulheres é uma questão em aberto.
De início, pensei que Tiago poderia ser um serial killer missionário. É um pensamento meio que automático quando sabemos que mendigos, prostitutas ou travestis foram as vítimas de algum serial killer. Isso porque a maioria desses psicopatas acreditam que matar tais pessoas é prestar um serviço a sociedade removendo o lixo das ruas, tirando de circulação pessoas supostamente indesejadas e indignas de viver. Mas pelas notícias veiculadas, parece que não. Tiago começou a matar travestis e moradores de ruas porque eles seriam alvos fáceis. O professor de criminologia Harold Schechter diz em seu livro Serial Killers – Anatomia do Mal, que “prostitutas, garotos de programa, adolescentes fugidos de casa, mendigos, drogados e outros párias sociais – o que os criminologistas chamam de alvos de ocasião: pessoas que são especialmente vulneráveis a assassinatos em série porque podem ser facilmente emboscadas e subjugadas; e, além disso, são tão marginalizadas que ninguém, incluindo membros da polícia e da imprensa, presta muita atenção quando desaparecem.”
Seria muita pretensão tentar explicar porque Tiago parou de matar homossexuais e mendigos e passou a matar jovens mulheres. De fato parece que ele possui algum problema com o sexo oposto, e a adrenalina recebida ao caçar uma presa “da sociedade” pode propiciar a satisfação que psicopatas assassinos como ele precisam. Apesar de todas suas vítimas serem jovens bonitas, ele as caçava de forma aleatória, percorrendo as ruas de Goiânia até topar com alguma que preenchesse seus requisitos. Como todo e qualquer serial killer, Tiago era um assassino oportunista.







sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Hoje na História do Crime: Cinco anos da Morte de Susan Atkins





Em 24 de Setembro de 2009, Susan Atkins, que participou de um dos mais notórios crimes da história moderna, falecia de câncer no cérebro na Penitenciária para Mulheres da Califórnia, em Chowchilla, às 23h46.

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Condenada por oito assassinatos, Atkins serviu mais de 38 anos de sua sentença de prisão perpétua, tornando-se, na época, a mulher com mais tempo de prisão nos Estados Unidos. Hoje o posto é de sua amiga Patricia Krenwinkel.
Atkins, um membro da Família Manson, confessou o brutal assassinato da atriz Sharon Tate, que estava grávida de oito meses. Ela foi esfaqueada 16 vezes e enforcada. Na noite seguinte ao assassinato, Atkins acompanhou Charles Manson e seus seguidores até o bairro Los Feliz, e ficou do lado de fora enquanto seus parceiros assassinavam o casal LaBianca.
“Ela era a mais assustadora das garotas de Manson”, disse Stephen Kay, ex-promotor que atuou junto a Vincent Bugliosi no julgamento de Manson e seus seguidores. “Ela era muito violenta.”
Nascida em San Gabriel, Califórnia, em 7 de Maio de 1948, Susan Denise Atkins cresceu em San Jose, e era a filha do meio de três irmãos. Quando ela tinha 15 anos, sua mãe morreu de câncer. A morte da mãe desestabilizou completamente a família. Seu pai, que havia vendido a casa e todos os pertences da família para pagar o tratamento da mulher, faliu e virou alcoólatra. Os três irmãos passaram a ter dificuldades para se alimentar e Atkins abandonou a escola.
Tempos depois seu pai abandonou os filhos e Susan e um irmão mudaram-se para a casa dos avós em Los Banos. Susan voltou para o ensino médio e conseguiu um emprego como garçonete, mas pesou o fato dela ter que cuidar de seu irmão mais novo. Anos depois, ela descreveria essa fase de sua vida como “extremamente raivosa, vulnerável e sem rumo”. Ela saiu da casa dos avós e passou a perambular pela Califórnia.
A moça de cabelos escuros foi de carona em carona até Washington e Oregon. Neste último estado, foi presa com o namorado após roubar um posto de gasolina em um carro roubado. Ela passou três meses na prisão e foi libertada. Viajou até São Francisco onde trabalhou como dançarina de topless em um bar de North Beach.
“Sua dança atraiu a atenção do satanista Anton LaVey, que estava organizando um show de Sabbat exibindo ‘vampiras’ de topless. Ele contratou Susan, e aquele era o emprego dos sonhos dela, proporcionando a atenção que ela desejava, vindo de uma plateia barulhenta quando ela se contorcia no palco. Mas ela não durou muito na trupe de LaVey, estragando-se pelo uso excessivo de drogas e um caso grave de gonorreia.”, escreveu Jeff Guinn em Manson, a Biografia.
Em 1967, no famoso bairro de Haight-Ashbury, refúgio dos hippies e outros andarilhos de São Francisco, ela conheceu um aspirante a músico com uma queda para drogas alucinógenas e sexo livre: Charles Manson.
“De todos os seguidores que vieram até Charlie nos primórdios do seu ministério, nenhuma era mais excêntrica ou mais desesperada do que Susan Atkins, de vinte anos.”, diz Guinn.
De acordo com “Helter Skelter“, bestseller de Vincent Bugliosi em 1974, Atkins foi instantaneamente atraída por Manson, que usava de seus conhecimentos adquiridos na prisão para descobrir inseguranças em garotas como Susan e as seduzir. “Ele aproveitou para usar a técnica de Dale Carnegie que consistia em descobrir o que a outra pessoa desejava e demonstrar como ele poderia oferecer isso”. Susan era a presa perfeita para a lábia de serpente de Manson. Para Bugliosi, Susan disse que antes de conhecer o guru psicopata lhe “faltava alguma coisa”, mas, em seguida, “Eu me entreguei a ele, e em troca ele me deu de volta a mim mesmo. Ele me deu a fé em mim para ser capaz de entender que eu sou uma mulher.”
Em meados de 1969, a Família Manson fincou sua base de operações no Rancho Spahn, uma propriedade nas Montanhas de Santa Susana conhecida por ter sido um set de filmagens para filmes de faoreste. Eles usavam drogas, faziam sexo grupal, roubavam cartões de crédito e reviravam latões de lixo para comer.
Eles também praticavam o que Manson chamou de “espreitar sorrateiramente“, um comportamento que envolvia escolher aleatoriamente uma casa em algum lugar de Los Angeles, invadi-la quando os proprietários estivessem dormindo e mudar os móveis de lugar e comer a comida da geladeira. Para Bugliosi, isso foi um “ensaio geral para o assassinato”.
Na noite do dia 8 de Agosto, Manson instruiu Atkins e outros seguidores – Patricia Krenwinkel, Charles Watson e Linda Kasabian – a vestir roupas pretas e invadir uma residência em Benedict Canyon. O que eles fizeram depois já é parte da história do século 20.
A escritora Joan Didion escreveu que os anos 60 acabaram abruptamente naquela noite de 8 para 9 de Agosto de 1969. A década mais movimentada do século passado na América fechava de forma brutal, crivada por assassinatos, guerras e grupos revolucionários violentos. Talvez tivesse havido “muito sexo, drogas e rock’n’roll”, escreveu Didion.
Como não poderia deixar de ser, Susan Atkins mudou completamente durante os anos em que ficou presa. De uma mulher maquiavélica e realmente má, passou para uma pessoa doce e arrependida. Nada demais até aí tendo em vista que ela não tinha mais sua mente lavada diariamente por Manson.
Susan casou-se duas vezes na prisão. Em 1981 com Donald Laisure, um auto-proclamado milionário do Texas que havia se casado 35 vezes antes. O casamento acabou quando ele resolveu casar-se com uma trigésima sétima.
Em 1987, Susan casou-se com o advogado James W. Whitehouse, que a representou em suas últimas audiências de liberdade condicional e até hoje cuida de sua memória através de um site na Internet.
Durante sua estadia como parte da Família Manson, Susan engravidou de um menino que ela chamou de Ze Zo Ze Cee Zadfrack (ela disse que “parecia um bom nome”). Após a prisão da mãe por assassinato, Ze Zo teve seu nome trocado e dado para adoção. Ela nunca mais viu seu filho.
Em Abril de 2008, Atkins foi hospitalizada por mais de um mês. Ela foi diagnosticada com câncer no cérebro e teve uma de suas pernas amputada. Ela pediu por misericórdia, querendo passar seus últimos meses de vida fora da prisão. O governador da Califórnia na época, Arnold Schwarzenegger, se opôs a soltura de Susan, argumentando que ela não teve misericórdia de suas vítimas. “Eu não acredito em soltura por misericórdia. Eu acho que eles devem ficar lá, servir o seu tempo. Aqueles tipos de crimes foram tão inacreditáveis que eu não acredito em soltura por compaixão.”
Susan Atkins foi piorando com o passar dos meses até ficar completamente imóvel e com uma parte do rosto paralisado. Ela faleceu no dia 24 de Setembro de 2009, aos 61 anos.

Imagem: Na foto: Susan Atkins e Charles Manson durante julgamento dos assassinatos Tate-LaBianca. Data: 1970. Créditos: AP.